Nova denunciante diz que foi intimidada por vereador de Piracicaba após abuso: 'vai ser a sua palavra contra a minha'

Preso por crimes sexuais, vereador Cássio Fala Pira passa por audiência em Piracicaba Uma das nove mulheres que denunciou o vereador Cássio Luiz Barbosa, o C...

Nova denunciante diz que foi intimidada por vereador de Piracicaba após abuso: 'vai ser a sua palavra contra a minha'
Nova denunciante diz que foi intimidada por vereador de Piracicaba após abuso: 'vai ser a sua palavra contra a minha' (Foto: Reprodução)

Preso por crimes sexuais, vereador Cássio Fala Pira passa por audiência em Piracicaba Uma das nove mulheres que denunciou o vereador Cássio Luiz Barbosa, o Cássio Fala Pira (PL), por supostos crimes sexuais, afirmou que foi intimidada por ele após o abuso sofrido. O parlamentar foi preso na quinta-feira (9) e nega as acusações. Segundo a mulher, o crime teria sido praticado em 2018, quando Cássio ainda não era vereador. Ela relatou que foi procurada porque ele queria que ela fosse barriga de aluguel para um filho dele. E porque também queria ajudá-la com um emprego. Essa foi a terceira denunciante entrevistada pela EPTV, afiliada da TV Globo. A primeira também tinha dito que acionou o parlamentar porque procurava um emprego, e outra relatou que ele teria lhe oferecido um emprego e uma cesta básica. 📲 Siga o g1 Piracicaba no Instagram "Ele marcou comigo de ir na minha casa. Iria ele e a esposa dele. Só que daí, quando ele chegou, ele estava sozinho. E ele sentou de um lado e eu sentei do outro, num outro sofá. Depois, ele falou: 'agora, eu vou querer uma água'. Aí, eu fui pegar. No que eu levantei pra ir, ele pegou no meu pulso, segurou forte e me puxou com força. Mas com força mesmo. Acho que pra eu cair no colo dele, né? Só que daí eu consegui cair assim do lado. Aí, foi onde que ele começou [o abuso]", afirmou a nova denunciante. Segundo a mulher, ele teria lhe forçado a colocar a mão nas partes íntimas dele. "Segurava com muita força a mão, assim. E ficava pegando no meu rosto, pra tentar me beijar. E quando ele saiu, ele ameaça. Ele falou assim: 'Ó, veja bem o que você vai fazer porque vai ser a sua palavra contra a minha'". Ela disse que na época foi desencorajada a denunciar mas que, agora, depois de ver as outras denúncias, tomou coragem e resolveu procurar a polícia. Vereador Cássio Fala Pira é acompanhado por policial após prisão Reprodução/ EPTV Advogados fala em 'efeito manada' Um dos advogados de Cássio, Jonas Tadeu Parisotto afirmou nesta sexta-feira que considera a prisão por 30 dias de Cássio ilegal. "Ocorreu abuso de autoridade e constrangimento ilegal contra o nosso cliente. Isso nós vamos tomar as providências cabíveis em sede de justiça. No nosso entendimento, a prisão temporária, no caso dele, deveria ter sido cinco dias, excepcionalmente prorrogada por mais cinco dias", argumentou. Ele afirmou que as acusações não procedem e que não há nos depoimentos das denunciantes nada "contundente" e que "diga que ele cometeu qualquer abuso". Para o também advogado de defesa Osmir Bertazzoni, ocorreu um "efeito manada". "Uma foi e fez a denúncia. A denúncia dela é infundada até porque nós temos prova que mostra que o Cássio não estava sozinho na sala dele no momento que ela disse que estava lá. O sistema de segurança da Câmara de Vereadores comprova o que nós estamos alegando. Ela mentiu. E nós vamos provar que ela mentiu", garante. Segundo ele, a partir desta denúncia, foram criados grupos em redes sociais para encorajar outras mulheres a denunciarem "Atrás dela fizeram um monte de grupos em redes sociais para as pessoas irem denunciar. Então, por uma série de motivos, possivelmente durante o período eleitoral, um cargo tenha sido prometido, uma situação que ele tenha se comprometido a fazer e não conseguiu fazer, traz uma série de revoltas e as pessoas acabam lançando essas humilhações e esses ataques. As pessoas que estão fazendo isso estão mentindo e isso será provado nos autos do processo", afirmou. Vereador Cássio Fala Pira é preso por crimes sexuais em Piracicaba Entenda o caso A prisão de Cássio Fala Pira ocorreu em cumprimento de mandado judicial devido a denúncias de crimes sexuais. Até a tarde desta quinta, Cássio foi denunciado por nove mulheres (entenda mais aqui). Segundo a polícia, a prisão ocorreu para que as investigações continuem sem possíveis interferências do suspeito. Cássio nega as acusações e afirma que vai provar sua inocência. A seguir, veja o que se sabe e o que falta saber sobre o caso: Cássio Fala Pira acompanha polícia durante cumprimento de mandados de busca Reprodução/ EPTV O que se sabe Cássio Fala Pira foi denunciado por nove mulheres por supostos crimes sexuais até a tarde desta quinta-feira. Em um dos casos, mostrado com exclusividade pela EPTV, afiliada da TV Globo no dia 2 de outubro, a denunciante afirmou que os abusos aconteceram dentro do gabinete do vereador na Câmara Municipal, quando o acionou porque precisava de emprego. Ela relatou que o parlamentar teria tocado em partes íntimas do seu corpo e colocado as mãos dela à força nas partes íntimas dele. E que o abuso aconteceu depois que ela o acionou porque procurava um emprego. Em outro caso, também revelado pela EPTV, a denunciante disse que foi abusada duas vezes, em situações nas quais o vereador teria lhe oferecido cesta básica e um emprego. Uma terceira denunciante relatou à Polícia Civil que conhece Cássio devido a ações políticas dele em seu bairro e que o parlamentar, em diferentes vezes, fez comentários sexuais sobre seu corpo e, em um dos episódios, passou a mão em sua cintura e quadril. Nesta quinta, a Polícia Civil cumpriu quatro mandados: um de prisão, na casa do parlamentar, e outros três de busca e apreensão, em um escritório de Cássio localizado no bairro Vila Sônia e em seu gabinete na Câmara Municipal. Foram apreendidos computadores e celulares. Após a prisão, Cássio foi levado à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Piracicaba e ao Instituto Médico Legal para a realização de exames. Nesta sexta-feira (10), a Justiça manteve a prisão após audiência de custódia e foi decidido que o parlamentar vai ficar na cadeia de Tremembé (SP). Segundo a Câmara Municipal de Piracicaba, a convocação do suplente - que é Fabrício Polezi - para substituir o vereador só ocorreria a partir de um afastamento de 120 dias, o que não é o caso atualmente. Com a prisão temporária, Cássio pediu afastamento sem remuneração até 16 de dezembro e o pedido foi aprovado em plenário por 19 votos a 1. O Legislativo informou que também recebeu uma denúncia de crime sexual contra ele e que ela será encaminhada à Comissão de Ética e Decoro Parlamentar. Em comunicado, a Câmara declarou que acompanha de perto o "desenrolar dos acontecimentos" e todas as medidas administrativas e regimentais cabíveis serão tomadas. Em nota, o Diretório Municipal do Partido Liberal (PL) de Piracicaba reconheceu a gravidade das denúncias e afirmou que, se foram confirmadas, vai abrir processo disciplinar que poderá levar à expulsão do parlamentar da legenda. Também em nota divulgada nesta quinta-feira, a defesa de Cássio classificou as denúncias como "frágeis", disse que o vereador ainda não teve a oportunidade de dar sua versão à polícia e que sua inocência será provada (veja o texto na íntegra no final da reportagem). Advogado do parlamentar, Jonas Tadeu Parisotto também afirmou que tem conhecimento "de grupos que têm interesse político nessa questão". Vereador de Piracicaba se pronuncia sobre denúncias de crimes sexuais O que falta saber As investigações ainda estão em andamento. Segundo a polícia, a prisão ocorreu para que elas continuem sem possíveis interferências do suspeito. A Polícia Civil ainda não divulgou quais são as provas reunidas contra o investigado. Também não foi divulgado o teor das denúncias feitas por todas as nove mulheres contra o parlamentar. A defesa de Cássio também não apresentou à imprensa, ainda, quais são as provas que disse possuir para provar sua inocência. Vereador Cássio Luiz Barbosa, o Cassio Fala Pira, de Piracicaba Rubens Cardia/ Câmara Municipal de Piracicaba A seguir, veja nota da defesa de Cássio Fala Pira na íntegra: "A defesa técnica e constituída pelo Vereador Cássio Luiz Barbosa, vem, por meio desta nota, esclarecer, publicamente, os fatos relacionados às acusações dirigidas a ele, às quais não correspondem à verdade. Os relatos apresentados por supostas 'vítimas', carecem de verossimilhança e não encontram respaldo nas frágeis acusações produzidas em redes sociais que se consubstanciam, em cancelamento e linchamento virtuais, violando a honra e a imagem do vereador, do cidadão e do pai Cássio Luiz Barbosa. Releva notar, que a autoridade policial que preside o inquérito na Delegacia de Defesa da Mulher e que redundou na precoce representação de prisão temporária junto ao Poder Judiciário, sequer teve o cuidado e a prudência de convocar o Vereador Cássio, para dar-lhe a oportunidade de esclarecer os supostos fatos e acusações vindo, em maioria, de usuários da internet, que se colocam como juízes e, ao mesmo tempo, se enxergam como carrascos, promovendo o linchamento virtual, tendo em vista que o espaço virtual lhes dá esse poder, sem que nenhuma penalidade lhes sejam impostas. Ressalta-se que o Vereador Cássio Luiz Barbosa, assim como qualquer cidadão brasileiro, possui o direito constitucional à presunção de inocência, à ampla defesa e ao contraditório e do devido processo legal, diante do princípio da dignidade da pessoa humana. A prisão, ainda que temporária, no entendimento da Defesa, é medida excepcional, diante do princípio da dignidade da pessoa humana, de qualquer forma, reitera, nesta oportunidade, a sua confiança na Justiça e reafirma que, ao final do processo, sua inocência será comprovada". Veja mais notícias no g1 Piracicaba

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